Torcida única será mantida para clássicos de futebol em 2017

A decisão unânime foi tomada em comissão com representantes da SSP, FPF, MP, Justiça e dos quatro grandes clubes paulistas

16/12/2016 00:00

A regra da torcida única para jogos clássicos de futebol no Estado de São Paulo continuará valendo para o ano de 2017. A decisão foi tomada de forma unânime, na manhã de quarta-feira (14), em uma reunião técnica com as polícias Civil e Militar, Federação Paulista de Futebol (FPF), Ministério Público, Poder Judiciário e representantes dos quatro grandes clubes paulistas.

A regra, adotada em abril do ano passado, visava reduzir a violência entre torcidas organizadas durante as grandes partidas. Desde então, as forças policiais perceberam a diminuição dos confrontos e, principalmente, aumento do público.

"No ano passado, tivemos um público aproximado de 290 mil torcedores. Este ano, já ultrapassa os 361 mil", informou o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho. O titular da pasta credita esse aumento de 24% aos torcedores comuns, que voltaram a "se sentir mais à vontade para ir nos jogos com familiares e amigos".

O Comando de Policiamento de Choque (CPChq) informou que os embates entre torcidas rivais caíram em 75%. Por conta da decisão de torcida única, foi possível reduzir em 50% o uso de policiais para escolta das organizadas, em 38% o efetivo no caminho e entorno dos estádios (do CPChq) e em 24% o número de policiais na segurança em geral (estes, dos comandos de policiamento da Capital e de Trânsito). Essa mudança permitiu que mais PMs fossem destinados a outras atividades, como o patrulhamento ou apoio em operações.

Já a 5ª Delegacia de Polícia de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), ligada ao Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou que pode aprimorar o trabalho de investigação e conseguiu realizar mais prisões daqueles que causam confusão durante as disputas. Foram 87 mandados de prisão e 47 de busca e apreensão realizados neste ano.

O Ministério Público comemorou a medida. O promotor Paulo Castilho informou que, mesmo com toda adversidade, “estamos mostrando que o poder público não tolera mais as cenas de violência que existiam antigamente”.

Para o presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o "Leco", a maior preocupação é com a segurança do torcedor.

O novo presidente do Palmeiras, Mauricio Galiotte, afirmou que a segurança de todos é o principal objetivo. “Temos que lembrar sempre que fazemos isso pelo esporte e pelos torcedores”.

Já o advogado Raphael Vita Costa, que representou a equipe do Santos, ressaltou que o clube preferiu colocar bandeiras próprias no estádio. Luiz Felipe Santoro, advogado do Corinthians, elogiou as penas alternativas.

Pena alternativa

Alguns representantes dos times comemoraram outra decisão tomada anteriormente, a de que torcedores que estejam sob restrição por promover tumultos cumprissem a pena como prestação de serviços à comunidade. Aqueles enquadrados neste caso, trabalharam no Corpo de Bombeiros, nos institutos Médico Legal (IML) e de Criminalística (IC) e, principalmente, na Rede de Reabilitação Lucy Montoro.

A medida, segundo o MP, já atingiu cerca de 400 infratores. Eles são proibidos de assistir aos jogos do seu time e, sempre que há partidas, devem se apresentar para a prestação de serviço uma hora antes do jogo - só sendo liberados, uma hora depois. A decisão, tomada pela Justiça, tem como base o Estatuto do Torcedor.

“O Tribunal de Justiça trabalha em conjunto com todos aqui. Por isso, elogiamos e agradecemos o empenho dos promotores, dos policiais civis e militares e dos representares da Federação (Paulista de Futebol) e dos grandes times de São Paulo”, disse o vice-presidente do TJ, desembargador Ademir de Carvalho Benedito.

A reunião também serviu para decidir que o grupo de trabalho sobre violência em esportes, também criado no ano passado, fosse mantido de forma permanente. A comissão contará com representantes de diversos órgãos que participaram da reunião desta quarta-feira.

A ideia é que cada reunião seja feita em um novo local, como forma de representar a integração entre os grupos. A comissão deve se unir na sede da SSP, dos comandos das polícias, da FPF e nas diretorias dos clubes.

 

 

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